O Egocentrismo: A Doença Silenciosa Que Está Destruindo Relacionamentos

Vivemos a era do “eu primeiro”. Em todo canto, ouvimos a mesma ladainha: cuide de si, priorize-se, não se desgaste pelos outros. O discurso é sedutor. Afinal, quem não quer sentir que está no controle absoluto da própria vida? Mas essa mentalidade tem um custo alto, e ele vem sendo pago silenciosamente – na forma de relacionamentos superficiais, famílias desfeitas e uma sociedade cada vez mais solitária.

O egocentrismo não chega de uma vez. Ele se infiltra aos poucos, sob o pretexto do amor próprio. No começo, parece legítimo. Você começa a dizer não a certas coisas, se recusa a lidar com inconvenientes, afasta-se de pessoas que “não agregam” e se convence de que tudo isso é um ato de autovalorização. Mas o que acontece quando todos começam a pensar assim? Quando ninguém mais quer se sacrificar pelo outro? Quando relacionamentos viram meras trocas utilitárias, e qualquer incômodo se torna razão suficiente para ir embora?

O resultado é visível. O casamento, antes visto como um compromisso de construção mútua, hoje é um contrato descartável. A menor frustração já é interpretada como um sinal de que “não era para ser”. A amizade, outrora baseada na lealdade, agora precisa passar pelo filtro da conveniência. Até a relação entre pais e filhos se enfraquece, porque a dedicação incondicional já não é mais óbvia – é um peso.

O amor só sobrevive onde há entrega. E é exatamente isso que o egocentrismo destrói. Ele nos convence de que não devemos suportar dificuldades em nome do outro, que qualquer sacrifício é um atentado contra nossa individualidade. Mas amar exige esforço. Relacionamentos exigem paciência. E a vida só encontra sentido quando há algo – ou alguém – que valha a pena além de nós mesmos.

O que poucos percebem é que esse egocentrismo não nos faz mais felizes. Pelo contrário: ele nos isola. Ele nos leva a conquistar tudo que queríamos – tempo, liberdade, autonomia – apenas para descobrir que nada disso nos preenche de verdade. E aí, o que sobra? O vazio. O mesmo vazio que nos obriga a preencher nossa existência com distrações, consumo exagerado e um ciclo interminável de insatisfação.

Se você se vê nesse cenário, há uma saída. Ela começa com uma pergunta simples: para quem, além de você, você está vivendo? Se a resposta for “ninguém”, talvez seja hora de repensar algumas certezas. O mundo prega que a felicidade está em olhar apenas para si. Mas os relacionamentos verdadeiros – aqueles que realmente nos sustentam nos momentos difíceis – só nascem quando olhamos para o outro.

A escolha é sua. Você pode continuar trancado no pequeno mundo das suas vontades ou pode abrir espaço para algo maior. Só não se engane: uma vida baseada apenas no “eu” pode até parecer confortável, mas nunca será plena.