Atire a primeira pedra quem nunca foi, ao menos uma vez na vida, pego pela timidez. A sensação de estar sendo julgado por qualquer movimento em falso pelo outro, de estar nu diante de juízes impiedosos prontos para apontar todos os seus erros e falhas. Para alguns, essa sensação é sufocante e para uma verdadeira tortura.
Nesse pequenino artigo irei destrinchar, rapidamente: 1) o movimento da timidez; 2) o motivo dela ser filha do egoísmo; 3) como sair dela.
Agora eu quero te convidar a voltar para a infância…
Lembra-se daquele dia em que você segurava forte a barra da saia da sua mãe ou se escondia atrás do seu pai porque tinha vergonha de falar com um adulto? Ou da primeira vez que foi chamado à frente da turma para responder algo e sentiu o rosto queimar, o coração acelerar e um desejo insuportável de desaparecer? A timidez nasceu ali, não como um defeito, mas como um mecanismo natural de defesa. O problema? Ela deveria ter ficado na infância.
A timidez é como um móvel velho que um dia foi útil, mas que hoje atravanca sua sala e faz você tropeçar. Ela não tem mais função, mas continua ali, ocupando espaço e te impedindo de andar livremente.
Agora, vamos desmontar esse móvel peça por peça.
1. O MOVIMENTO DA TIMIDEZ
A timidez funciona como um reflexo de autopreservação. Seu cérebro detecta uma situação de exposição e dispara um alarme: “Perigo! Você pode ser julgado, criticado ou rejeitado!” O corpo responde com um turbilhão fisiológico – suor, aceleração do coração, tensão muscular – como se um leão estivesse à espreita. Mas não há leão. Só um grupo de pessoas que, na maioria das vezes, mal estão prestando atenção em você.
O problema é que o tímido acredita nesse alarme falso. Ele enxerga qualquer interação social como um tribunal onde está sendo julgado. Mas quem são esses juízes? Aqui vem o segredo: os juízes são projeções suas. São seus próprios medos, suas próprias críticas internas, seu próprio ego projetado no outro.
E isso nos leva ao segundo ponto.
2. A TIMIDEZ É FILHA DO EGOÍSMO
Parece estranho dizer isso, não? Mas a verdade é que a timidez, por trás de sua aparência humilde, esconde um foco excessivo no próprio eu. O tímido não é aquele que pensa menos em si, mas sim aquele que pensa em si o tempo todo.
Pense bem: quando você está tímido, o que passa pela sua cabeça?
- “E se eu errar?”
- “O que vão pensar de mim?”
- “E se me acharem ridículo?”
O foco está sempre no eu, eu, eu.
Egoísmo não é só arrogância e prepotência. Ele também se manifesta nessa preocupação constante com a própria imagem. O tímido, sem perceber, coloca a si mesmo no centro do universo, como se todos estivessem o tempo todo atentos a ele. Mas a realidade é brutal: as pessoas estão ocupadas demais consigo mesmas para prestar tanta atenção em você.
Quer um exercício prático? Vá a um café e observe as pessoas ao seu redor. Veja quantas estão realmente analisando os outros e quantas estão mergulhadas no próprio celular, na própria conversa, nos próprios pensamentos. A grande maioria não está nem aí para você. E isso é libertador.
Agora que entendemos o problema, vamos para a solução.
3. COMO SAIR DELA
Aqui está a verdade dura e simples: a timidez não vai embora sozinha. Você precisa enfrentá-la.
1) Expanda o foco para fora de si.
Pare de se perguntar “O que vão pensar de mim?” e comece a se perguntar:
- “Como posso fazer essa conversa ser interessante?”
- “O que essa pessoa precisa agora?”
- “Como posso contribuir?”
Tire o foco do seu próprio umbigo e direcione sua atenção para o mundo exterior. Isso dissolve a timidez como sal na água.
2) Entre na arena.
A timidez é como um músculo fraco: quanto menos você usa, mais atrofiado ele fica. Então a única forma de superá-la é se expondo.
- Converse com estranhos.
- Fale em público.
- Se desafie a ser rejeitado.
A sensação de vergonha não mata ninguém. Mas a omissão mata seus sonhos.
3) Torne-se útil.
O tímido tem medo de ser insignificante. Então a melhor cura para isso é se tornar importante para os outros. Trabalhe duro, desenvolva habilidades, seja generoso. Quando você tem algo valioso a oferecer, a timidez desaparece porque você sabe que está contribuindo com algo real.
No final das contas, a timidez não é um traço de personalidade imutável. É um hábito mental. E hábitos podem ser quebrados.
Agora é com você. O que vai fazer com esse móvel velho da timidez? Vai deixá-lo ocupar espaço na sua vida ou vai jogá-lo fora?
A escolha é sua.